quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Sei bem o que não quero e para onde não quero ir…

Pelos vistos cabe-me a mim abrir hostilidades! Começo, assim sendo, por deixar a crónica que escrevi, no inicio do mês, para o Portal Viseu …

Ao iniciar, neste espaço, um contributo mensal que, por razões óbvias, se deverá cingir ao espectro regional, não deixarei, contudo, sempre que se justificar, ao panorama nacional fazer referência.
E é por esse, mesmo motivo, que não posso deixar de fazer, hoje, uma resenha da minha visão do país, para daí retirar os dividendos que vão ensombrando a nossa vida in loco.
Nunca, como hoje, o interior se revelou tão ditado ao abandono e, por isso, tão dependente do poder central. Políticas cada vez mais centralizadoras, autistas e desconhecedoras da realidade para isso contribuem, diariamente. Este é, aliás, um facto que, já todos conhecemos.
Dito isto, o que me assusta é que este é o País, que por razões de riqueza histórica me habituei a amar, é exactamente o mesmo País que vejo, actualmente, sucumbir às mãos de todos.
Senão reparemos.
Este é o país, em que o Primeiro Ministro prometeu em campanha criar 150.000 postos de trabalho e retirar da pobreza 300.000 idosos, mas o que vemos são empresas a despedir, todos os dias, centenas de trabalhadores. Depois, porque não há alternativa, em vez de se minorarem as dificuldades das empresas na contratação, ainda que a prazo, estas vêem-se penalizadas neste tipo de contratação através de uma maior carga contributiva.
Este é o País em que se prefere criar a linha do T.G.V. do que apoiar as pequenas e médias empresas, criadoras, essas sim, de riqueza e garante de milhares de postos de trabalho. Questiono-me para quê um T.G.V. se depois não temos pessoas e bens para circular e para exportar.
Este é o País que pretende tributar desenfreadamente os lucros das empresas amputando-lhes a possibilidade de crescimento.
Este é o País que teve a coragem de repetir estudos e discutir o projecto “Ota” quando, com este, tinham sido já gastos e colocados no lixo, só em estudos, 34 milhões dos bolsos dos contribuintes.
Neste seguimento, este é o País, que tem um Ministro que se refere à margem sul como um deserto, para justificar um aeroporto na Ota, mas é o mesmo ministro que faz parte de um governo que, afinal, pensa que essa mesma margem sul pode albergar um “ caso Freeport”.
Este é o País que fecha os olhos à aberrante e complexa criação legislativa não só penal, dizendo alguns que direccionada ao caso “Casa Pia”, como também, por exemplo ao processo de divórcio, equiparando a instituição que é o casamento a um mero contrato, cujo incumprimento, apesar de sem culpa, é depois, em sede de divórcio, sujeito a cálculos tão minuciosos quanto ridículos acerca do contributo diário de cada cônjuge. E porquê? Porque o legislador não se socorre de quem, diariamente, lida com as leis, de quem sente e vive o desconforto de, em plena “Barra de Tribunal”, olhar um cliente, um Juiz ou um Procurador e todos sabermos que, nada mais há a fazer do que aplicar uma lei que, pasme-se, mais uma vez foi criada nos corredores da Assembleia da República. Este é o País em que o Ministério da Justiça detém o poder de, se assim quiser, basta querer, ter acesso a qualquer processo em segredo de justiça, através do programa “ Citius”.
Porém, é o País que não estranha o Ministério Público ser humilhado, por não conseguir garantir que o segredo de justiça seja respeitado. Ao invés, vê a suas investigações delapidados por julgamentos em praça pública, esses sim interessantes para o Zé Povinho.
Mas este é, também, o mesmo país que assiste impávido e sereno ao encerramento, pelo governo, de postos médicos, garantindo que nesses locais não há utentes que justifiquem a sua manutenção, mas que depois se apressa a apoiar, ali, unidades de saúde privadas. Este é o País que tolera nascimentos em ambulâncias ao invés de maternidades para isso dotadas.
Este é País que aplaudiu o cartão único, mas que quando teve de o utilizar como cartão do utente, os hospitais não estavam dotados de mecanismos para o ler.
Não me conformo, também, com o facto deste País, através dos seus mais altos governantes, colocar em causa a educação de milhares de alunos, impondo uma avaliação desconcertante e desajustada aos professores, eles que são os formadores dos nossos futuros governantes.
Mas este é o mesmo País, que sabe e não reage, à utilização de criancinhas como figurantes, na campanha publicitária de um computador dito Português, mas, que na verdade de português apenas empresta o nome. Essas são as mesmas criancinhas que para o inicio dos telejornais se lhes promete o computador que têm em frente, mas que mal os holofotes se apagam deles são despojadas, para mais uma acção publicitária numa escolinha de outro concelho.
Este é País que assiste com cumplicidade, à dependência do poder local do aparelho partidário que há que alimentar. Que dizer quando a cor partidária preside a escolha de quadros quando a excelência e a capacidade intelectual de cada um é que deve presidir a essa escolha?
Este é o País que tem um Primeiro Ministro, e líder do PS, que tem como principal bandeira na moção ao congresso do seu partido o casamento homossexual, que prioridades…
Este é o País que quase trinta e cinco anos depois do 25 de Abril, fecha os olhos à tentativa de controlo de jornais e telejornais por parte do governo.
Por fim, e muito mais haveria a dizer, este é o País onde se acha normal um Primeiro Ministro dizer que a culpa do estado em que Portugal se encontra é da oposição enquanto governo, quando foi e é o seu partido que esteve e continua a estar na governação na ultima década, quase ininterruptamente.
Começa, pois, a ser tempo de sabermos quais as nossas prioridades. Sabermos aquilo que não queremos para o nosso País. Resta, então, alertar para uma consciência, não só, critica de todos mas, também para a criação de alternativas credíveis. Apelar, finalmente, para o que de bom é feito, salvaguardando exaltando a nossa consciência nacional.

1 comentário:

James Aurens disse...

Caro Pedro

Primeiro quero agradecer por teres aceite o convite para participar neste forum.
Segundo concordo plenamente contigo quando algo se passa de errado em Portugal,na medida em que todas as prioridades para o desenvolvimento estão erradas.
Parabéns pelo excelente post